O papel do pai é o de mostrar o sonho e a lei.
Há muitos e muitos anos atrás, os pais
conviviam mais com os filhos do que as mães. As tarefas do campo ou artesanais
faziam dos pais o primeiro professor de ofícios. Segundo Robert Biy,
conferencista americano, escritor do livro “João de Ferro” sobre o psiquismo
masculino, durante a estada no ventre da mãe o
filho aprende a afinar-se com a freqüência feminina, mas com o pai essa
freqüência é aprendida com o conviver.
Com
a vinda da era industrial, há 150 anos atrás, a cada geração aumenta o
afrouxamento do laço entre pai e filho. O pai trabalha fora de casa e o filho
não só não aprende seu oficio como tambem deixa de sintonizar seu corpo numa
vibração masculina. Segundo o autor, “ os filhos que não tiveram passado por essa
sintonização sentirão fome de pai durante toda a vida”. Este pai do qual estamos falando não é só
o progenitor, muitos pais substitutos podem trabalhar com os jovens: tios podem estimular
seu crescimento, avós podem lhes contar
histórias, velhos podem ensinar rituais e tradições; todos eles pais
honorários.
Em “ João de Ferro” temos um retrato da
atual situação da sociedade contemporânea sob a acusação de ter “pais de
menos”. Com essa distância e desconhecimento do ofício do pai, como imaginar
que ele é um herói? Como saber que o pai é um lutador do bem? Some-se ao
imaginário (ou até por ele), os filhos, as mães e a própria mídia mostrarem os
pais como objetos de riso como vemos nos
comerciais de TV, promovendo uma ridicularização deste papel : torna ainda mais
difícil a posição de mentor.
E como fazer a função paterna retomar seu
vigor e importância? Voltando ao passado, quando o filho aprendia, “junto ao pai, ao consertar pontas de
flechas ou arados, ou lavar pistões na gasolina, ou cuidar dos partos junto aos
animais” ?
O que o pai moderno pode contar ao filho
sobre o seu trabalho? Serão éticos os
princípios que o fazem acordar todo o dia cedo e ausentar-se de casa?
Trabalha-se por gosto do ofício? Por dinheiro? A empresa é idônea? Respeita o
meio ambiente? È um trabalho digno de orgulho? Esse guerreiro luta pelo quê? Qual é o seu sonho, seu ideal? Continua lutando...desistiu?
Há muito o que ensinar na era do conhecimento, há de se valorizá-lo como os cavaleiros
medievais aos seus tesouros. Há também que se reinventar essa versão de pai
contemporâneo. Se os antigos tinham as espadas agora estes têm a lei e a ética.
Aos pais cabe ainda e talvez principalmente, cortar a relação simbiótica entre
mãe e filho, como apontou Freud, e fazer esse filho crescer como pessoa, fora
da superproteção da mãe, mostrando a lei da vida, preocupando-se com o futuro adulto,
colocando limites que serão fundamentais ao convívio social de um futuro
cidadão.Temos visto muitos pais com fortes intenções de cumprirem seu papel,
alguns muito ríspidos e intolerantes outros excessivamente tolerantes com os
erros dos filhos, mas ambos com boas intenções. È claro que o segredo esta no
meio termo, mas isto é fácil de escrever e difícil de fazer. Nosso conselho é
que continuem com seus cuidados, sem esquecerem que é com vocês que eles
aprenderão o papel masculino: A menina escolherá seu
marido “ideal” e o menino se tornará “O” pai.
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