domingo, 30 de maio de 2010

Sobre o texto de Rosely Sayão

Escola “transbordante”.

A minha colega psicóloga, Rosely Sayão, colunista da Folha de São Paulo ás quintas-feiras no caderno Equilíbrio, e a quem tanto admiramos, escreveu um texto polêmico em sua coluna do último dia 29/04/10.
Polêmico porque se propôs a delinear as responsabilidades das partes (escola e família) no desempenho escolar das crianças.
No texto ela pede “perdão às mães” falando em nome de “muitas” escolas que culpam os pais das dificuldades dos filhos (segundo ela, por não sabermos ensinar alunos que não sejam exemplares)
Culpa também as escolas por informarem demais os pais sobre assuntos do comportamento de aluno que, segundo ela, deveriam ser tratados exclusivamente entre escola e alunos.
Concordo com ela, em parte, mas sou obrigada a concordar mais com o conteúdo em si e menos com o peso maior dado para apenas uma das partes envolvidas num relacionamento que já sabemos ser complicado por ser carregado de afeto.
Embora se espere que uma das partes seja estritamente profissional, é lógico que o professor tem seus medos do fracasso como qualquer ser humano. Hoje em dia com a escola arcando com a responsabilidade em formar a cidadania de seus alunos, com tudo o que esse conceito inclui, ou seja, para ser professor não basta mais ser apenas ser especialista em sua área curricular.
Como Antonio Nóvoa, grande pensador português disse em sua palestra no último Congresso Saber, a escola agora é “transbordante”, deve ser cheia de projetos e dar conta de cada vez mais conteúdo. Segundo ele “precisamos parar de pensar que a escola vai salvar o mundo”.
Houve uma mudança de paradigma nos conteúdos escolares que, como toda a mudança de valor envolve uma mudança pessoal por parte do professor. Isto não acontece do dia para a noite e muito menos por decreto. É compreensível que neste momento o professor se sinta inseguro. Os pais por sua vez, com cada vez menos tempo, enfrentando uma luta diária pela sobrevivência, não têm tempo para aprender a serem pais. A escola do filho passou a ser um fardo a mais e cabe a nós, educadores aliviá-los deste cargo.
Calma lá, a Cesar o que é de Cesar, ou melhor lembrando, os antigos tinham um ditado que dizia que aos pais cabe a responsabilidade de “embalar Mateus” mas não seria elegante reproduzi-lo neste texto.
A virtude esta no meio termo. O aluno não deve ser tratado como uma “batata quente” que ninguém quer segurar. É isto que está em jogo. Por outro lado, se todos nós nos responsabilizarmos pela sua vida escolar ele poderá se dar ao luxo de ficar irresponsável, é isso que acontece enquanto pais e escolas se culpam.
Portanto, os educadores devem refletir sim, não só sobre isso como ela pede em seu texto, mas sobre cada fundamentação de sua ações, assim como as família devem se responsabilizar sobre a sua parte.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

O olhar da mãe conduz a aprendizagem.

O olhar da mãe conduz a aprendizagem.

Não aprendemos de qualquer um, aprendemos de quem confiamos.

O homem é o único animal que não herda padrões instintivos que possa garantir a sobrevivência. A sua herança genética maior é a capacidade de aprendizagem .
Somos da única espécie animal que se molda ao grupo com o qual convive, seja ele primitivo ou desenvolvido tecnológicamente.
Um LOBO sempre será um LOBO, mesmo que nunca conviva com outros da mesma espécie, e mesmo que seja criado por homens. Um homem poderá ser um “lobo”, se criado entre eles, o caso do “menino lobo” é verdadeiro.
É a aprendizagem da cultura que nos garante a preservação da espécie mas é a nossa capacidade de modificá-la, a partir da nossa individualidade , que é a mola das transformações sociais.
Segundo Alicia Fernandez, é a nossa individualidade, um organismo ( potencial genético) que em interação com o meio constrói imagens, sensações, a inteligência e as emoções, tornando-nos únicos, assim como a nossa interpretação do mundo . Quando percebemos a mesma realidade subjetiva de alguém sentimos que tivemos um verdadeiro encontro.
Mas o primeiro encontro se dá com o olhar da mãe. Descreve Sara Paim “Tudo começa na triangulação do primeiro olhar. No primeiro momento, a mãe busca os olhos da criança e a criança busca seus olhos; aqui há o encontro necessário para que haja aprendizagem, mas logo a mãe olha para outro lado. Seus olhares encontram-se em um objeto comum” E é esse objeto comum que desperta a nossa curiosidade.
Durante muito tempo a mãe, ou as pessoas que exercem a maternagem, serão responsáveis por dirigir este olhar, e a criança começará a gostar das coisas que essas pessoas gostam. O afeto é a mola do intelecto. Nossa inteligência não é só razão.O objeto que escolhemos para “apreender e conhecer” é guiado pelo afeto, por aquilo que valorizamos porque aprendemos a valorizar.
É por isto que se diz que aprendemos muito mais pelo exemplo do que pelas palavras. E também é por isto que se diz “filho de peixe, peixinho é ....”.
Essa força é muito poderosa e é assim que entendemos famílias inteiras que se dedicam ao mesmo ramo de atividades .É por isso que será muito difícil para pais que não gostam de ler, transformar seus filhos em grandes leitores ou pais que não valorizam atividades físicas, terem filhos atletas.
Mas como o ser humano é capaz de modificar-se, assim também nossos filhos não estão presos a um destino determinista por conta das nossas limitações. Apesar delas e não eximindo a nossa parte de responsabilidade, eles com certeza nos superarão.