A conduta agressiva, aquela que tem por fim causar dano pelo dano, como por exemplo o vandalismo e, o aluno indisciplinado que insistentemente transgride regras, compõem um grupo de alunos na escola que chamaremos de desadaptados sociais.
Esse grupo é numericamente superior ao grupo de necessidades especiais físicas ou mentais mas, mesmo necessitando tanto ou mais que eles de integração, são ignorados. Essa diferença histórica parte dos especialistas e da própria escola, que reage a eles tentando controlar, isolar ou expulsar.
Os inadaptados sociais não possuem aceitação das equipes de multiprofissionais como dispõem os deficientes físicos ou mentais e há uma dramática escassez de especialistas em psicologia e pedagogia social.
Assim sendo, diante da complexidade das causas e da falta de conhecimento do assunto o professor faz o melhor que pode ou desiste e exclui na tentativa de preservar a escola.
De qualquer forma existe uma relação entre o comportamento do professor e outros responsáveis por essa criança que pode potencializar essa violência.
Essas posturas seriam: a excessivamente permissiva e a excessivamente autoritária.
Qual seria a conduta ideal para minimizar esse problema?
No livro Necessidade Educativas Especiais, organizado por César Coll, assessor dos PCNs, cita-se uma experiência concreta que esta sendo realizada em Madrid desde 1981. nesta escola o aluno é levado à construção da moral – entendida como a internalização consciente da necessidade de um sistema de regras através da cooperação.
A EMAK, escola que eu dirijo há vinte e oito anos, também trabalha assim desde 1989, baseada na teoria construtivista da Moral – desenvolvida por Piaget.
Na prática trata-se de considerar a moral como um objeto de conhecimento como outro qualquer e portanto de construção paulatina e com estágios de desenvolvimento claramente observáveis através da conduta, e cujo objetivo final será o desenvolvimento da autonomia.
Para isso o aluno tem voz ativa para discutir e propor regras para o bom andamento dos trabalhos escolares. Quando falamos em discutir regras com os alunos não se trata de falsa democracia, mas sim de negociar as que regem o grupo e não as que são competência de decisões pedagogias exclusivas do professor.
Esse sistema cooperativo compromete o aluno com o grupo e não só com as autoridades da escola sendo um importante controlador e até corretor de condutas marginais.
O ambiente da escola transforma-se na “norma” do aluno marginalizado, chegando a estruturar condutas novas que entrem em contradição com seus hábitos marginais.
Essa prática requer um comprometimento de uma equipe estável e a supervisão de um especialista.
Porém, será necessária uma forte convicção dos professores para manter o sistema e mesmo assim a escola, por melhor que atue, tem limitações diante de fatores como:
- Ruptura do aluno com a família;
- A droga e ao álcool, com os quais a escola está incapacitada de lidar a não ser de forma preventiva;
- A família marginal que ensina condutas anti-sociais como o roubo ou tráfico;
- Recaídas após o ensino fundamental e o ingresso em outros sistemas no ensino médio.
Minha proposta é esta, abrir um espaço de tempo, que sempre será precioso e nunca "perda de tempo", dentro do horário escolar para que os alunos possam discutir os comportamentos transgressores dos colegas, julgar e decidir regras.
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